Lula sobre a COP30: “Belém vai ser outra cidade”

Além de crucial no papel de discutir a mudança do clima, a COP30 vai transformar a infraestrutura e a qualidade de vida da capital paraense. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu essa perspectiva durante entrevista à Rádio Clube do Pará nesta sexta-feira, 14 de fevereiro. “Belém vai ser outra cidade, com mais espaço cultural, mais saneamento básico, mais hotel de qualidade”, listou.

A primeira coisa é visibilidade. O mundo inteiro fala da Amazônia, então vamos trazer o mundo para a Amazônia. Fazer com que as pessoas conheçam a extraordinária beleza dos rios, da fauna, das aves. São 29 milhões de pessoas na Amazônia. Pessoas que querem viver, curtir a vida, trabalhar, ter acesso às coisas”

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

“É a primeira vez que o Governo Federal coloca um montante de quase R$ 5 bilhões para ajudar uma cidade a ficar mais bonita. Eu vou vir aqui inaugurar o Ver o Peso (famoso mercado municipal da cidade). Vai ser uma beleza para quem está lá trabalhando e para quem irá comprar. E tudo isso a gente vai fazer com o maior carinho”, frisou o presidente.

Além do Ver-o-Peso, estão na lista de investimentos previstos o Mercado de São Brás, a construção do Parque Linear São Joaquim, a adequação da infraestrutura da Base Aérea de Belém, a reforma do Parque Linear da Doca, além de obras do canal, de saneamento básico e do Parque da Cidade, espaço onde será a conferência. No Porto Futuro II, cinco galpões estão sendo recuperados e transformados em complexo de lazer e gastronomia. Belém também passa por modernizações no turismo e na qualificação profissional. 

VISIBILIDADELula afirmou ainda que um dos pontos essenciais do evento é mostrar ao mundo o que é a floresta amazônica e como vivem as pessoas ali. “A primeira coisa é visibilidade. O mundo inteiro fala da Amazônia, então vamos trazer o mundo para a Amazônia. Fazer com que as pessoas conheçam a extraordinária beleza dos rios, da fauna, das aves. É importante que as pessoas venham para cá. A Amazônia tem povo. São 29 milhões de pessoas na Amazônia. Pessoas que querem viver, curtir a vida, trabalhar, ter acesso às coisas”, citou.

FINANCIAMENTOPara o presidente, a visibilidade em torno da Amazônia pode ajudar a fortalecer o financiamento para a preservação do ecossistema, um dos maiores desafios dos últimos 15 anos em todas as COP. “Todos os cientistas afirmam que precisamos evitar o aquecimento da terra. E a floresta dá uma contribuição extraordinária. A América do Sul tem oito países com a floresta amazônica. Para preservar essas florestas, a gente quer, primeiro, que as pessoas conheçam. Segundo, que eles (países ricos) paguem”.

DE PÉ – Esse pagamento, segundo o presidente, é essencial para reconhecer que, “embaixo de cada copa de árvores que eles querem que seja preservada, tem um seringueiro, um extrativista, um pescador, um pequeno agricultor que precisa viver bem. Eles já cortaram as árvores deles, agora precisam da nossa de pé”, completou o presidente. 

CONSCIÊNCIA – Lula lembrou que na edição da COP de Copenhague, na Dinamarca, em 2009, os países ricos assumiram o compromisso de repassar US$ 100 bilhões por ano para que países mais pobres pudessem preservar as florestas. “Isso não aconteceu. Depois, prometeram 300 bilhões. Não aconteceu. Hoje, a necessidade é 1 trilhão e 300 bilhões de dólares. Para a gente preservar, precisamos ter consciência de que os 29 milhões de amazônicos precisam de dinheiro. A COP30 é isso”, definiu Lula.

PETRÓLEOParalelamente, Lula defendeu a necessidade de o Brasil conduzir pesquisas para descobrir se há ou não petróleo na região da margem equatorial amazônica. “A gente não pode prescindir de pesquisar se existe ou não a quantidade de riqueza que pensamos que existe na margem equatorial, que está a 475 quilômetros da margem do rio. Se não encontrar petróleo, tudo bem. Mas se tiver, temos que saber como explorá-lo e inclusive utilizar o dinheiro para que a gente possa ter uma política mais forte de fiscalização, mais forte ambientalmente e cuidar melhor do Brasil. Não é que não quero fazer, é como fazer. Como fazer para a gente não ser predatório com a nossa querida Amazônia”, afirmou.

RESPONSABILIDADEPara Lula, a questão passa, obrigatoriamente, pelo cumprimento de todos os requisitos ambientais. “Temos que agir com responsabilidade. Eu não quero que a exploração venha causar qualquer dano ao meio ambiente. Por isso é que a gente leva a sério a discussão para que a Petrobras cumpra todos os requisitos ambientais. Esta é nossa responsabilidade”, garantiu. “A gente quer mostrar aos especialistas que é possível fazer a prospecção de petróleo. O Suriname está fazendo a 50 quilômetros da gente. A Guiana está fazendo muito próximo. E a gente não pode prescindir, porque é essa riqueza, se existir, que vai ajudar a gente a fazer a transição energética, a ter dinheiro para cuidar da floresta, de manter a floresta em pé. Porque temos um compromisso que até 2030 a gente vai ter desmatamento zero no Brasil”, declarou.

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