O Brasil voltou a ocupar papel de destaque na política internacional ao reforçar alianças estratégicas, se posicionar como país-chave nas discussões sobre combate à pobreza e transição energética e em abrir mercados aos produtos nacionais. Assim o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu o momento da política externa nacional, durante entrevista à Rádio Diário FM, de Macapá, na manhã desta quarta-feira, 12 de fevereiro.
Todo mundo quer comprar coisas do Brasil. De ovo de galinha a pena de pavão, a pé de galinha, carne, soja, milho, etanol. Então temos que nos preparar para que a gente possa atender o mercado externo sem criar problema para o mercado interno”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Durante o bate-papo, o presidente afirmou que esse processo de retomada foi essencial porque a política externa estava no limbo nos últimos anos. “Sem fazer política externa você não aumenta o comércio, não aumenta a sua relação, não arruma mais amigos. Depois que entramos no governo, já conversei com praticamente quase todos os presidentes da Europa, quase todos da África, com todos da América Latina e com muitos presidentes do mundo asiático”, explicou.
De acordo com Lula, com uma diplomacia ativa e altiva, os ministérios brasileiros encontram mais oportunidades para financiar projetos, ampliar mercados para exportação e fortalecer parcerias, já que abrem-se portas para investimentos, acordos comerciais e cooperação internacional em diversas áreas.
“Isso facilita enormemente o trabalho do ministro da Agricultura, do ministro da Educação, do Comércio. Porque o papel do presidente não é fazer negócio. O papel do presidente é abrir a porta. Quando abre a porta, os ministros vão e começam a trabalhar junto com empresários. É por isso que as nossas exportações estão crescendo. É por isso que nós estamos vendendo muito”, argumentou.
NOVOS MERCADOS — Apenas em 2025, 25 novos mercados abriram para o agronegócio brasileiro, totalizando 325 novas oportunidades de negócio desde o início de 2023. Para o presidente, o país é o celeiro do mundo e um grande exportador de commodities. “Todo mundo quer comprar coisas do Brasil. De ovo de galinha a pena de pavão, a pé de galinha, carne, soja, milho, etanol. Então temos que nos preparar para que a gente possa atender o mercado externo sem criar problema para o mercado interno”, pontuou, ao dizer que fará uma viagem ao Japão no dia 27 de fevereiro com a perspectiva de abrir um mercado para que o país compre carne brasileira. “Eu já tinha aberto em 2005 para comprar frutas. E é assim que o Brasil é respeitado”.
G20 — Em outro trecho da entrevista, o presidente Lula citou os avanços realizados durante a presidência brasileira do G20 e a importância da Cúpula, realizada em novembro de 2024, no Rio de Janeiro. “O comparecimento de presidentes foi extraordinariamente importante. Nós tínhamos na mesma mesa o presidente da China, da Índia, dos Estados Unidos, do Brasil, da Indonésia, do Vietnã. Ou seja, você conseguiu juntar o mundo inteiro em torno, sabe, de uma coisa”, resumiu.
ALIANÇA GLOBAL – Lula citou a criação da Aliança Global Contra Fome e a Pobreza, lançada durante a abertura da Cúpula. Entre os anúncios e compromissos estão o objetivo de alcançar 500 milhões de pessoas com programas de transferência de renda em países de baixa e média-baixa renda até 2030. Além disso, a Aliança pretende expandir as refeições escolares de alta qualidade para mais 150 milhões de crianças em países com pobreza infantil e fome endêmicas e, ao mesmo tempo, arrecadar bilhões em crédito e doações por bancos multilaterais de desenvolvimento para implementar esses e outros programas. “A gente vai fazer dessa luta contra a fome e a pobreza quase uma profissão de fé. Porque o mundo já produz alimento, já tem tecnologia, já tem dinheiro. O que é preciso é fazer com que esse dinheiro chegue na mão do povo para ele comprar alimento. Esse mundo precisa garantir a todo mundo que levanta um café da manhã, um almoço, uma janta, uma escola, uma casa. Se, quando eu terminar o meu governo, cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando, eu já realizei o sonho da minha vida”, concluiu, lembrando que em 2025 o país atua como presidente do BRICS e recebe, em novembro, a cúpula da ONU para Mudança do Clima, a COP30, em Belém (PA).