Ao discursar nesta quarta-feira, 26 de fevereiro, na abertura da Primeira Reunião de Sherpas da presidência brasileira do BRICS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a importância estratégica do grupo no contexto internacional e para mudanças na geopolítica global: “Estou convicto de que o BRICS seguirá sendo um motor de mudanças positivas para nossas nações e para o mundo”, afirmou o líder brasileiro, no Palácio Itamaraty, em Brasília.
A presidência brasileira vai reforçar a vocação do bloco como espaço de diversidade e diálogo em prol de um mundo multipolar e de relações menos assimétricas”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
» Íntegra do discurso do presidente Lula
Lula reforçou que a liderança do Brasil neste ano vai ressaltar o espaço para o diálogo na busca de soluções e propostas, com ênfase no multilateralismo. “A presidência brasileira vai reforçar a vocação do bloco como espaço de diversidade e diálogo em prol de um mundo multipolar e de relações menos assimétricas. Esses objetivos guiarão o nosso trabalho ao longo deste ano”, adiantou o presidente brasileiro.
“Neste momento de crise, nossa responsabilidade histórica é buscar soluções construtivas e equilibradas. O BRICS também continuará a ser peça-chave para que os ideais da Agenda 2030, do Acordo de Paris e do Pacto para o Futuro possam ser cumpridos”, completou o presidente Lula.
É a primeira vez que o BRICS se reúne no Brasil em seu formato ampliado, com países-membros e parceiros. “É uma satisfação receber a Indonésia como mais recente membro pleno e a todos os demais membros e parceiros”, disse Lula.
SHERPAS – Enviados dos chefes de estado/governo dos integrantes do BRICS, os sherpas têm a responsabilidade de conduzir as discussões que vão culminar na Cúpula de Líderes, agendada para 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. Além dos representantes de países-membros do BRICS (Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã), o encontro na capital brasileira contou com a presença de embaixadores de países parceiros do bloco, casos de Belarus, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão.
Gostaria de dar as boas-vindas aos sherpas do BRICS. É uma satisfação receber a Indonésia como mais recente membro pleno e a todos os demais membros e parceiros. Neste momento de crise, nossa responsabilidade histórica é buscar soluções construtivas e equilibradas. O BRICS…
— Lula (@LulaOficial) February 26, 2025
EIXOS – Ao longo de seu discurso, Lula listou os eixos prioritários de discussão durante a presidência brasileira no BRICS:
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Reforma da arquitetura multilateral de paz e segurança, com reforma das Nações Unidas, inclusive do Conselho de Segurança
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Parceria para eliminação de doenças socialmente determinadas e doenças tropicais negligenciadas
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Contribuição para aprimoramento do sistema monetário e financeiro internacional
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Atenção aos efeitos da crise climática no planeta
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Discussão sobre o papel da inteligência artificial e seus desafios éticos, sociais e econômicos
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Aumento da institucionalidade do BRICS, para garantir mais eficiência nas decisões e ações com maior impacto global possível
COP30 E G20 – Lula reforçou o caráter estratégico da COP30, conferência da ONU sobre mudança do clima, que será realizada em novembro, em Belém (PA), e a importância de dar sequência às discussões realizadas no âmbito do G20, no Rio de Janeiro, no ano passado, na sequência dos debates do bloco, que este ano ocorrerão na África do Sul. “Atuar de forma coordenada pelo sucesso da presidência sul-africana do G20 e da presidência brasileira da COP30 é defender o futuro compartilhado deste planeta. Teremos uma presidência intensa, que nos conduzirá a uma belíssima cúpula de chefes de Estado e de governo no Rio de Janeiro”, ressaltou o presidente.
OBJETIVOS – O BRICS é um agrupamento que serve como foro de articulação político-diplomática de países do Sul Global e de cooperação nas mais diversas áreas. Os objetivos incluem fortalecer a cooperação econômica, política e social entre seus membros, bem como promover um aumento da influência dos países do Sul Global na governança internacional. O grupo busca melhorar a legitimidade, a equidade na participação e a eficiência das instituições globais, como a ONU, o FMI, o Banco Mundial e a OMC. Além disso, visa impulsionar o desenvolvimento socioeconômico sustentável e promover a inclusão social.