O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira, 22 de abril, o presidente da República do Chile, Gabriel Boric, em visita oficial de Estado, em Brasília (DF). Foram assinados 13 acordos e memorandos entre os dois países em diversas áreas como justiça e segurança pública, defesa, ciência e tecnologia, cultura, pesca e aquicultura, agricultura, pecuária e inteligência artificial.
Esse dia, para mim, é muito importante, não apenas pelos acordos e protocolos de intenções que foram assinados. Eu penso que essa reunião é importante por conta do momento político que o mundo vive. É apenas o começo de uma história, a nossa relação nunca mais será a mesma, porque nós temos a obrigação de fazer com que ela seja melhor, melhor e melhor
Luiz Inácio Lula da Silva,
Presidente da República
“Esse dia, para mim, é muito importante, não apenas pelos acordos e protocolos de intenções que foram assinados. Eu penso que essa reunião é importante por conta do momento político que o mundo vive. É apenas o começo de uma história, a nossa relação nunca mais será a mesma, porque nós temos a obrigação de fazer com que ela seja melhor, melhor e melhor”, pontuou o presidente Lula.
De acordo com o presidente brasileiro, os países da América do Sul precisam trabalhar de maneira articulada para alcançar um desenvolvimento regional integrado. “É por isso que eu sou um cidadão obcecado pela integração. Eu acho que nós, presidentes de países da América do Sul, deveríamos compreender que, isolados, nós somos muito fracos. Nós não nascemos para viver mais 500 anos como um país pobre. Nós não nascemos para viver mais 500 anos vendo nossos países serem governados para 35% ou 45% da população, como se o restante da sociedade fosse tratado como invisíveis”, disse, ao enfatizar que parte da solução dos problemas está em fazer parceria com países vizinhos e parceiros.
CORREDOR BIOCEÂNICO — Um dos principais pontos abordados durante a reunião bilateral de Boric e Lula foi a necessidade de aprimorar a infraestrutura regional. Entre os projetos nessa área está o Rotas de Integração Sul-Americana, com enfoque especial nos avanços da Rota Bioceânica de Capricórnio, que liga os portos brasileiros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, aos portos de Iquique, Mejillones e Antofagasta, no Chile. A previsão é que a infraestrutura dessa rota seja concluída até 2026, ainda durante o atual mandato do presidente Lula.
A visita de Boric ao Brasil reforça não apenas a cooperação bilateral, mas também a importância da integração regional frente a um ambiente global desafiador. Com a nova rota bioceânica em andamento e esforços para manter mercados abertos, o Chile aposta em parcerias estratégicas para garantir crescimento e estabilidade.
“Tivemos com o presidente Lula uma reunião de trabalho que vai além do protocolo. Concordamos que procuramos o desenvolvimento dos nossos povos, e que muitas vezes as discussões entre líderes mundiais parecem estar nas altas esferas, mas nós não esquecemos para quem estamos trabalhando: os mais desfavorecidos, os mais pobres, os mais necessitados do nosso trabalho”, resumiu o presidente chileno. “Somos aliados importantes do Brasil, mas temos muito potencial para explorar”, apontou.
RELAÇÕES — As relações entre Brasil e Chile caracterizam-se pelo dinamismo do intercâmbio comercial e empresarial. Na coordenação política, área em que ambos os países têm aprofundado sua articulação, o bom entendimento e a adoção de posições comuns têm sido frequentes tanto no âmbito regional quanto no multilateral. Os investimentos bilaterais crescem ano a ano, beneficiando as economias e as sociedades dos dois países.
O Brasil concentra o maior estoque de investimentos externos chilenos no mundo, e as empresas chilenas que atuam no Brasil se distribuem por áreas tão distintas quanto papel e celulose, varejo e energia. O Brasil, por sua vez, registra investimentos na economia chilena em setores como energia, serviços financeiros, alimentos, mineração, siderurgia, construção e fármacos.
BALANÇA COMERCIAL — De janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre os países foi de cerca de US$ 2,7 bilhões. No período, o Brasil exportou US$ 1,56 bilhão e importou R$ 1,21 bilhão, o que fez com que o país atingisse um superávit de US$ 350 milhões. Entre os principais produtos exportados ao Chile pelo Brasil encontram-se óleos brutos de petróleo, carnes, automóveis e tratores. O Brasil, por sua vez, importa do Chile principalmente derivados de cobre, salmão e vinhos.
PARCERIA — No âmbito sul-americano, o Chile é parceiro fundamental do Brasil. Os dois países compartilham o entendimento de que as iniciativas de integração econômica regional em curso são convergentes e trabalham juntos para promover o diálogo entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul. Há, ainda, grande potencial de cooperação em ciência e tecnologia, em cooperação na Antártida e em matéria de defesa.
FÓRUM EMPRESARIAL — Ainda nesta terça-feira (22), o presidente Lula participa do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Chile, que contará com a presença do presidente chileno; a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet; e o ministro da Economia do Chile, Nicolas Grau, além de empresários de diversos setores produtivos dos dois países. Serão realizados diálogos entre empresários brasileiros e chilenos, de diversas áreas, para debater percepções de como a Rota Bioceânica de Capricórnio pode alterar as relações comerciais entre os países, bem como o trânsito de pessoas para atividades de serviço, como o turismo, por exemplo.