“O bom negócio é aquele em que os dois países ganham”, diz Lula no Fórum Empresarial Brasil-Chile, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira, 22 de abril, do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Chile, acompanhado pelo presidente da República do Chile, Gabriel Boric, em Brasília (DF). Realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Fórum promoveu diálogos entre empresários brasileiros e chilenos, de diversas áreas, com o objetivo de impulsionar as relações comerciais.

A gente não quer guerra fria. Queremos privilegiar os interesses soberanos dos nossos povos, que querem viver bem, querem produzir bem e querem ter acesso à ciência, tecnologia e às coisas sofisticadas que o ser humano pode produzir. É isso que cabe a nós 
Luiz Inácio Lula da Silva,
Presidente da República

“Um presidente da República, como o Boric e eu, a gente não faz negócio. O que a gente pode fazer é abrir as portas para que os empresários, que sabem fazer negócio, façam negócio. Mas que os empresários chilenos e os empresários brasileiros saibam que o bom negócio é aquele em que os dois países ganham”, destacou o presidente brasileiro.

Lula pontuou que tanto o Chile quanto o Brasil desejam ter relações comerciais com todos os países, desde que sejam respeitados os interesses soberanos de cada nação. “Esse é o momento de a gente criar coragem e, a partir da nossa inteligência, decidir o que a gente quer ser, o que a gente vai ser e como vamos fazer comércio. A gente não quer guerra fria. Queremos privilegiar os interesses soberanos dos nossos povos, que querem viver bem, querem produzir bem e querem ter acesso à ciência, tecnologia e às coisas sofisticadas que o ser humano pode produzir. É isso que cabe a nós”, frisou o presidente brasileiro.

Em seu discurso, Lula também falou sobre como as políticas sociais melhoram a qualidade de vida da população e movimentam a economia, gerando, inclusive, um aumento no turismo. “Nesses últimos dois anos, os mais pobres tiveram um crescimento na renda de 10,7%. É isso que vai fazer mais turista brasileiro ir para o Chile e é isso que faz mais turista chileno vir pro Brasil. É isso que faz mais gente querer comprar passagem de avião, que faz mais gente querer viajar de ônibus e que faz mais gente querer viajar de navio, porque na hora que o dinheiro começa a circular as pessoas vão em frente e as coisas se resolvem”, disse o líder brasileiro.

SEGURANÇA — O presidente chileno ressaltou que ambos os países oferecem segurança para que os investidores façam seus negócios e impulsionem o desenvolvimento econômico. “Hoje, alegra-me poder constatar que nossa relação comercial vive um excelente momento e que o Brasil é o nosso terceiro maior parceiro comercial, depois de China e Estados Unidos. O Chile, por sua vez, é um parceiro comercial em termos de números, mais importante para o Brasil do que a Inglaterra ou a França”, declarou Gabriel Boric.

CORREDOR BIOCEÂNICO — O líder chileno também abordou o projeto Rotas de Integração Sul-Americana, que conta com a Rota Bioceânica de Capricórnio, que ligará os portos brasileiros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, aos portos de Iquique, Mejillones e Antofagasta, no Chile. “Essa é uma amostra real, tangível, da integração regional, através de 2.400 quilômetros, de Campo Grande até os portos do Chile, passando também por Paraguai e Argentina. É uma obra que deixaremos e que é uma política de Estado”, comentou Boric. A previsão é que a infraestrutura dessa rota seja concluída até 2026, ainda durante o atual mandato do presidente Lula.

22.04.2025 - Participação no fórum empresarial Chile-Brasil

 

COLABORAÇÃO — O vice-presidente da CNI, Mario Cezar de Aguiar, agradeceu a presença dos líderes dos dois países e o engajamento dos empresários no evento. “Com a liderança dos senhores, poderemos aprofundar a duradoura e estratégica parceria entre Brasil e Chile. Devemos continuar trabalhando para termos condições de superar as incertezas no cenário global e dar respostas adequadas aos desafios do mundo contemporâneo. Com o diálogo e a união dos empresários e do poder público, podemos construir um futuro mais próspero e sustentável para os nossos países”, defendeu Mario Cezar de Aguiar.

Já a presidente da Sociedade de Fomento Fabril do Chile, Rosario Navarro, enfatizou que o Fórum traçou uma rota completa para uma integração mais profunda entre as duas nações. “Temos as capacidades, temos o impulso e uma visão compartilhada. Agora é o momento de transformar essa visão em ações e em resultados”, afirmou Navarro.

13 ACORDOS — A visita oficial de Estado do presidente chileno ao Brasil também incluiu, nesta terça-feira (22), reunião bilateral com Lula e a assinatura de 13 acordos e memorandos entre os dois países em diversas áreas, como justiça e segurança pública, defesa, ciência e tecnologia, cultura, pesca e aquicultura, agricultura, pecuária e inteligência artificial.

RELAÇÕES — As relações entre Brasil e Chile caracterizam-se pelo dinamismo do intercâmbio comercial e empresarial. Na coordenação política, área em que ambos os países têm aprofundado sua articulação, o bom entendimento e a adoção de posições comuns têm sido frequentes tanto no âmbito regional quanto no multilateral. Os investimentos bilaterais crescem ano a ano, beneficiando as economias e as sociedades dos dois países. O Brasil concentra o maior estoque de investimentos externos chilenos no mundo, e as empresas chilenas que atuam no Brasil se distribuem por áreas tão distintas quanto papel e celulose, varejo e energia. O Brasil, por sua vez, registra investimentos na economia chilena em setores como energia, serviços financeiros, alimentos, mineração, siderurgia, construção e fármacos.

BALANÇA COMERCIAL — De janeiro a março de 2025, o intercâmbio comercial entre os países foi de cerca de US$ 2,7 bilhões. No período, o Brasil exportou US$ 1,56 bilhão e importou US$ 1,21 bilhão, o que fez com que o país atingisse um superávit de US$ 350 milhões. Entre os principais produtos brasileiros exportados ao Chile, encontram-se óleos brutos de petróleo, carnes, automóveis e tratores. O Brasil, por sua vez, importa do Chile principalmente salmão, vinhos e derivados de cobre.

PARCERIA — No âmbito sul-americano, o Chile é parceiro fundamental do Brasil. Os dois países compartilham o entendimento de que as iniciativas de integração econômica regional em curso são convergentes e trabalham juntos para promover o diálogo entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul. Há, ainda, grande potencial de cooperação em ciência e tecnologia, em cooperação na Antártida e em matéria de defesa.

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