Prisão de Tuta reforça necessidade de aprovação da PEC da Segurança


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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse nesta segunda-feira (19) que a prisão do integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) Marcos Roberto de Almeida reforça a importância de entrosamento entre forças de segurança locais, nacionais e internacionais. Algo que, segundo ele, será favorecido, caso a PEC da Segurança seja aprovada pelo Legislativo.

“O governo brasileiro teve uma vitória muito importante contra o crime organizado ao prender este delinquente de alta periculosidade ligado a uma facção criminosa no Brasil”, disse o ministro referindo-se a Marcos Roberto, mais conhecido como Tuta.

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Tuta encontra-se preso na Penitenciária Federal em Brasília. Ele foi expulso da Bolívia no domingo (18), após ter sido identificado e preso, quando compareceu a uma unidade policial daquele país para tratar de questões migratórias – fato ocorrido na sexta-feira (16).

Na oportunidade, Tuta apresentou, às autoridades bolivianas, um documento falso, no qual se chamaria Maycon da Silva. A falsidade foi detectada imediatamente e, na sequência, foram acionados Interpol e um oficial da Polícia Federal.

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Entrosamento

Para Lewandowski, o sucesso dessa operação “revela, inclusive, o entrosamento entre as forças locais de segurança e as forças que integram o sistema judiciário com as forças Federais”, disse. “E isso é justamente aquilo que almejamos com a PEC da segurança que está tramitando no Congresso Nacional”, acrescentou durante coletiva de imprensa no Ministério da Justiça.

O ministro enfatizou que muitas das atividades criminais já deixaram de ser locais, e que, portanto, o combate a elas precisa ser feito de maneira global, por meio de cooperações entre todas as forças de segurança.

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“E hoje já contamos com um grande leque de cooperação internacional”, afirmou o ministro.

Marcos Roberto “Tuta” foi identificado, na Bolívia, como um dos principais articuladores de um esquema internacional de lavagem de dinheiro vinculado à organização criminosa. Ele consta na Lista de Difusão Vermelha da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal).

Foragido internacional desde 2020, Tuta é condenado a 12 anos de prisão no Brasil por crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.

Cooperação, identificação e integração

Também presente na coletiva de imprensa, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues disse que três eixos de ações favoreceram o sucesso da operação que trouxe, de volta ao Brasil, o integrante do PCC. O primeiro deles é o da cooperação internacional, disse Andrei referindo-se à presença da PF em diversos países, representada por adidos e oficiais, como foi o caso concreto lá em Santa Cruz de la Sierra – onde Tuta foi preso pelas autoridades bolivianas.

“Isso permite uma rápida interação com as autoridades bolivianas, identificando em um primeiro momento da falsidade documental”, acrescentou o diretor sem detalhar, por questões de segurança, alguns elementos operacionais da área de inteligência nessa operação.

“O que posso dizer é que, graças a essa integração internacional, foi possível identificar essa inconsistência imediatamente, comunicando tanto a Interpol como nossa unidade em Santa Cruz, para que a gente pudesse confirmar os dados”, disse Andrei Rodrigues.

O segundo eixo abrange, segundo ele, a questão da identificação biométrica, possível de ser feita de “maneira quase instantânea” a partir das bases de dados da PF.

“Conseguimos, quase que em tempo real, confirmar quem era, de fato, aquela pessoa na unidade policial da Bolívia, e com isso dar a materialidade, a certeza e a segurança para a prisão em flagrante”.

“E o terceiro ponto é a questão da integração interna [entre as autoridades brasileiras]”, completou.

Interpol

Para o secretário-geral da Interpol, Valdecy Urquiza, a prisão de Tuta foi algo “complexo e sensível”, mas de “desfecho rápido e preciso”.

“O alvo dessa operação já constava dos bancos de dados da organização desde 2020”, disse ele ao destacar este “mecanismo internacional para o compartilhamento de informação de foragidos internacionais”, disse Urquiza, que é, também, delegado de carreira da PF.

Ele apoiou que o intercâmbio de informações de biometria foi extremamente necessário e útil para a correta identificação de Tuta.

“Temos um banco de dados de biometria que fica localizado na sede da Interpol. É um hub biométrico, onde são armazenadas informações relacionadas a impressões digitais, a fotografias, a informações de DNA. Todas relacionadas a alguma possível atividade criminal; e geralmente relacionadas a foragidos internacionais. Com esse Hub biométrico, podemos fazer a conexão com bancos de dados nacionais”, explicou Urquiza.

A PF participa do centro biométrico da Interpol, que conta com a participação de vários países, com o objetivo de combater “organizações que não respeitam fronteira, seja para realização de suas atividades criminosas, seja para ocultação de ativos, seja para atuar como esconderijo de integrantes”, explicou o secretário da Interpol.

“A grande verdade é que as organizações criminosas que atuam no Brasil que atuam em outros países da região, e a resposta precisa ser coordenada entre as diversas agências policiais da região [América do Sul]”, acrescentou.

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