A mineração representa importante frente para o desenvolvimento da infraestrutura competitiva do Brasil. Por esse motivo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta sexta-feira, 14 de fevereiro, no município de Parauapebas, no Pará, do anúncio de investimentos de R$70 bilhões da Vale na expansão da mineração de ferro e cobre em Carajás, a ser realizado de 2025 a 2030.
Durante a cerimônia, o presidente abordou a conexão da mineração com a descarbonização. “Nós precisamos discutir uma estratégia para desenvolver o Brasil nessa transição energética, para que a gente possa, a quem quiser vir produzir aqui, vender tudo verde. Carne verde, feijão verde, arroz verde, aço verde, energia verde, tudo que for verde, a gente quer vender, porque o Brasil merece”, afirmou.
“Eu quero te dizer, Pimenta [Gustavo Pimenta, CEO da Vale], que a Vale precisa voltar a ocupar os primeiros lugares entre as empresas de mineração. Não me contento com a Vale ser a 14ª. Se depender do governo, se depender daquilo que a gente possa fazer, a Vale voltará a ocupar os primeiros lugares nas empresas de mineração”, ressaltou Lula.
Lula concluiu seu discurso com um pedido para o líder da empresa: “Pimenta, me ajude a fazer com que a Vale volte a ser a primeira empresa do mundo em mineração de ferro, de materiais críticos, em mineração do que quiser e, sobretudo, a primeira do mundo no tratamento respeitoso ao povo que trabalha para vocês”.
IMPORTÂNCIA — O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pontuou que a mineração faz parte da vida de todas as pessoas. “Ela está nos fertilizantes, que trazem mais alimento para a mesa de brasileiras e brasileiros. No cobre, que conduz a eletricidade. No cimento, na construção civil. E no lítio, das baterias e dos telefones celulares. Sem a mineração, a vida, o mundo como conhecemos, não existiria”, disse. Nesse sentido, ele ressaltou que o Governo Federal atua com determinação e seriedade para garantir que o setor opere com sustentabilidade e segurança, gerando mais benefícios para a população.
AVANÇO — Silveira também abordou a meta que o governo traçou para o setor. “Se hoje nossa mineração representa 3% do PIB [Produto Interno Bruto], a meta é chegar a 6% em uma década. Nos aproximaremos do Canadá, cuja mineração representa 8% do PIB. Estamos fazendo isso de forma organizada, com políticas claras que atendam ao interesse da sociedade, aliando desenvolvimento econômico com sustentabilidade, com resultados sociais e segurança”, explicou.
EMPREENDIMENTO — O programa batizado de Novo Carajás tem foco na retomada e manutenção dos volumes de minério de ferro e expansão da produção em cobre, segundo a empresa. A região de Carajás é rica em minerais essenciais para a descarbonização e a transição energética.
O projeto reúne o potencial de Carajás, incluindo as minas em operação, expansões e novos alvos, para impulsionar o beneficiamento de minerais críticos para a produção de aço verde (minério de ferro de alta qualidade) e de metal para transição energética (cobre), considerados essenciais para a redução das emissões de carbono. A previsão é que a produção de minério de ferro em Carajás chegue a 200 milhões de toneladas por ano em 2030. No caso do cobre, o crescimento esperado é de 32%, elevando a produção na região para cerca de 350 mil toneladas. A estimativa é de uma contribuição relevante no PIB do Pará, em até R$100 bilhões por ano.
“Em seu primeiro mandato, presidente, mais precisamente em julho de 2004, o senhor esteve aqui conosco em Carajás na inauguração da Mina de Sossego. Não tenho dúvidas, portanto, que hoje é um dia histórico para a Vale. Ainda mais por se tratar de um ano tão especial para o Pará e para o Brasil, com a realização da COP30, que temos certeza que será um enorme sucesso”, declarou o CEO da Vale, Gustavo Pimenta.
DESENVOLVIMENTO — O governador do Pará, Helder Barbalho, também mostrou seu apoio às iniciativas da empresa. “Nós acreditamos, seja pelos movimentos que estão acontecendo na companhia — e um deles é estar aqui a participar do lançamento deste importante projeto, o Novo Carajás —, que possa apontar cada vez mais investimentos que possam trazer desenvolvimento para o Brasil, desenvolvimento para o Pará, Parauapebas, Canaã e para todas as cidades onde a companhia Vale atua e desenvolve os seus projetos. No que couber ao governo do estado, nós estaremos sempre buscando valorizar essas parcerias”, frisou Barbalho.
PARCERIA — Em Carajás, cerca de 800 mil hectares de Floresta Amazônica, área equivalente a cinco vezes a cidade de São Paulo, são protegidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). No local é onde fica a principal operação de minério de ferro da Vale, que ocupa menos de 3% dessa floresta protegida. Nesse conjunto de unidades, a Vale mantém equipes de guardas florestais que monitoram a área 24 horas por dia. Para o trabalho de recuperação de áreas, a empresa mantém parceria com a Cooperativa dos Extrativistas de Carajás, que faz a coleta de sementes adquiridas pela Vale para o plantio. De 2019 a 2023, foram coletadas mais de 22 toneladas de sementes de 120 espécies diferentes, o que gerou R$4 milhões em renda às famílias.
METAIS BÁSICOS — Concentram-se também no Pará as operações de metais básicos da companhia no Brasil: a Vale Metais Básicos. A empresa, criada em 2023, abrange as operações de cobre, com a mina do Sossego, em Canaã dos Carajás (2004), e a mina do Salobo, em Marabá, inaugurada em 2012. Em 2024, a produção total de cobre no Brasil foi de 265,2 mil toneladas. Deste total, a Salobo respondeu por 199,8 mil toneladas e a Sossego por 65,4 mil toneladas.
ESTRADA DE FERRO CARAJÁS — A Vale opera a Estrada de Ferro Carajás (EFC), que liga a mina, em Parauapebas (PA), ao Porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA). A ferrovia corta quatro municípios no Pará (Parauapebas, Marabá, Bom Jesus do Tocantins e Curionópolis) e 23 municípios maranhenses. Para transportar o minério de ferro produzido, foi construído um ramal ferroviário de 101 Km de extensão, interligando a mina, em Canaã, à ferrovia, no município de Parauapebas. Além de transportar minérios e carga geral (grãos e combustíveis), a EFC também opera um trem de passageiros, que atende a mais de 1.300 pessoas por viagem entre o Pará e o Maranhão.